O Panorama Económico no pós-pandemia








O Panorama Económico no pós-pandemia


Embora nenhum de nós tenha uma bola de cristal para olhar o futuro com confiança, temos a certeza que o mundo depois do COVID19 não será igual, nem voltará a ser igual ao que conhecemos antes. As grandes catástrofes são sempre disruptivas. E se alguns acham que se amplifica em demasia esta urgência sanitária, o que é certo é que colocar a economia em suspenso traz consequências. As nossas sociedades capitalistas já pressagiavam esta situação, com um despoletar de uma enorme crise económica. A monstruosa dívida mundial que ascende a três vezes o PIB mundial teria um dia de colapsar e cobrar o seu tributo na nossa maneira de viver. A pandemia apenas precipita essa crise e dá-lhe um bode expiatório, para que o capitalismo possa gritar no seu estertor que não foi vencido. Mas foi e de que maneira!
Todos compreendemos agora claramente o que é importante: as nossas vidas são mais importantes que os mercados. Mas os mercados no seu leito de morte, querem ainda retaliar e vingar-se e na transição para o mundo novo, vão castigar-nos com uma recessão tão profunda que se não forem tomadas medidas imediatas, agora, as suas repercussões se farão sentir por muito tempo na forma de pobreza miserável, e por arrasto uma tremenda agitação social. Entre morrer de fome e morrer a lutar por sobreviver, a escolha é obviamente fácil. E se a Elite pode fugir nos seus aviões e iates privados para zonas não afetadas pelo vírus, não pode viver isolada. Ou os pobres tomarão as suas propriedades agora abandonadas pelo seu isolamento.
Este artigo procura analisar as atividades económicas que na transição para uma nova arquitetura de sociedade desaparecerão ou terão de se reinventar profundamente, aquelas que poderão contribuir para diminuir a miséria imediata, aquelas que prosperarão e finalmente aquelas atividades que podem de forma individual ser sustentáculo para as famílias.
Compete aos governos implementar a legislação que favoreça esta mitigação dos problemas económicos e que quanto mais cedo for feita, menos agudos serão os impactos. E os governantes precisam de ter claro que os sonhos capitalistas chegaram ao fim.

Empresas condenadas a desaparecer ou a reinventarem-se

Companhias de aviação

As primeiras empresas a sofrerem um impacto terrível são as companhias aéreas. O medo de novos surtos, a obrigação de distanciamento social e o fim do turismo, vão ditar o fim das companhias aéreas em especial as dedicadas ao transporte de passageiros.
Podem reinventar-se, reduzindo os voos de passageiros, que naturalmente continuarão a fazer-se mas numa escala infinitamente menor, convertendo-se em companhias de transporte de carga aérea. A conversão pode ser rapidamente realizada, arrancando os bancos dos aviões e criando espaço para carga, com a vantagem de o preço dos combustíveis estar em baixa e portanto, para o transporte de alguns produtos (alimentares, flores, produtos eletrónicos, etc) ser muito competitivo face a outras alternativas. Eventualmente estes aviões poderão ser mistos, com uma área importante de carga e uma diminuta para passageiros, que podem inclusive ser separadas por áreas de carga.

Indústria aeronáutica

Possivelmente assistiremos ao fim de alguns grandes fabricantes, nomeadamente a Boeing. Possivelmente subsistirão algum tempo na reconversão dos atuais aviões de passageiros em aviões de carga, mas com a diminuição das viagens a necessidade de novos aviões não se fará sentir por muito tempo.
Mesmo a aviação militar deverá sofrer um decréscimo, já que a maioria dos recursos será canalizado para a saúde. Eventualmente novos surtos, fruto das mutações do vírus, implicarão a manutenção de medidas como as atuais de contenção, isolamento e distanciamento social.

Hotelaria e restauração

A pandemia terá sobre este sector económico um impacto devastador. O fim do turismo de massas, a necessidade de isolamento sanitário, a obrigação do distanciamento social, arrasará esta indústria.
Uma reinvenção possível, e ela não será possível para todas as unidades, será reconverterem-se em hospitais. Podem ser hospitais de quarentena para os que por motivos de suspeição de doença ou para os que aguardem um segundo resultado que assegure a sua cura. Esta reconversão será tanto mais viável, quanto se verifique que os indivíduos podem ser infetados uma segunda vez, ou surjam novas mutações semelhantes que inviabilizem a vacinação.
Outra reinvenção possível é tornarem-se lares de terceira idade e aqui talvez um grande número de unidades hoteleiras e pensões possam ter uma oportunidade. Estas unidades terão de estar muito bem preparadas para proteger os seniores de qualquer surto futuro. Compete ao governo favorecer a conversão e fiscalizar estas unidades para que cumpram adequadamente o seu papel.
No caso dos restaurantes, cafés e similares a razia será enorme. Mesmo que alguns se consigam reconverter em “take-away”, nem todos o conseguirão fazer, já que são muitos. E os que o conseguirem fazer, possivelmente vão operar com menos pessoal, contribuindo para o número de desempregados.
Outras atividades como as discotecas, danceterias, pubs e a indústria dos cruzeiros serão fortemente afetadas se não mesmo, condenadas a desaparecer.
Aliás todas as atividades relacionadas com o turismo, serão as que mais impacto vão sofrer e as que mais vão contribuir para o número crescente dos desempregados.

Empresas que podem operar baixando os preços ao consumidor

São empresas que operam hoje com margens bastante elevadas e que numa situação de penúria devem contribuir para aliviar o fardo de todos. Naturalmente estas empresas só o farão se forem obrigadas e esse papel compete ao governo. Tem cabimento, se perante uma resistência destas empresas em baixar as suas margens, a nacionalização.

Auto-estradas

A infra-estrutura está paga, não apresenta desgaste pela utilização, até porque o número de veículos a por elas circular é menor. Portanto, faz todo o sentido que os preços de utilização baixem. Ninguém compreenderá que face a estes tempos de emergência as concessionárias insistam em manter as suas margens de lucro. E caso insistam, expropriação.

Telecomunicações

Têm sido tempos maravilhosos para as empresas de telecomunicações! Realmente face ao confinamento que outra maneira de manter o contacto com a família e os amigos, e até os desconhecidos? A internet revela-se essencial, para o tele-trabalho e para a educação, sendo que muitos alunos por meio dela, conseguem ter as suas aulas e o contacto com os professores. Já algum visionário havia defendido o direito à internet (telecomunicações) como um Direito Humano, o que parece justificar-se agora dada a natureza da pandemia.
Estas empresas têm operado a seu bel-prazer impondo períodos de fidelização e abusando da sua posição. Os lucros destas têm sido bem chorudos, mesmo com uma gestão perdulária e é chegado o tempo, para que se reduzam as suas margens e sejam forçadas a melhorar as suas redes. De facto, elas só funcionam bem onde dão lucro e o interior do país é votado ao desprezo.
Chegou a hora de ajustar contas.
Neste caso, temos duas grandes operadoras que trabalham em cartel, aproveitando o facto de não terem competição. Aqui a nacionalização afigura-se-me sem dúvida mais difícil e seria preciso o governo negociar com estas companhias. O Estado criar uma de raiz podia ser complicado, mas não seria impossível e a criação de uma poderia até dar emprego a muita gente, emprego que vai escassear.
Mas há uma alternativa que seria favorável a todos: À semelhança do que foi feito na área da energia em que se se separou a rede de distribuição dos fornecedores. Assim as empresas seriam obrigadas a separar as redes de comunicações que detêm em empresas distintas daquelas que atualmente fornecem serviços (internet, tv cabo e voz).
Ao separar as empresas de distribuição (redes) das empresas de serviços (internet, voz e tv cabo) permitiriam a entrada de novas empresas de serviços e viabilizariam a criação de redes em áreas menos apelativas. Neste último caso uma empresa podia arriscar o investimento e fornecer o seu serviço a todas as empresas que quisessem operar na área. Ao mesmo tempo esta cisão entre redes e serviços iria fomentar algum emprego.

Energia elétrica

A situação é de algum modo semelhante às auto estradas e às empresas de comunicações. Embora não haja monopólio há uma empresa dominante no mercado, com lucros avantajados em cada ano. Em época de catástrofe é inadmissível uma coisa destas por dois motivos: A estrutura está aí e pertence a outra empresa em regime de monopólio, portanto as empresas que fornecem energia não têm custos com a manutenção da rede, isso é problema da atual REN. E os custos com a produção de energia têm estado a baixar por causa da descida do petróleo e do gás. A única coisa com que a EDP se preocupa é com a manutenção de algumas barragens, já que tem estado a vendê-las, e com os seus parques eólicos.
Há também um conjunto de rendas exorbitantes pagas à EDP por tudo e mais alguma coisa. Chegou o tempo de a EDP se chegar à frente e baixar as suas margens de lucro, forçando as concorrentes a acompanharem esse movimento. Como?
A eliminação das rendas pagas à EDP, o que tenho a noção, seria difícil mas que vale a pena tentar negociar.
Estabelecer preços máximos para o kWh na eletricidade e para o metro cúbico de gás, quer o fornecido por instalação fixa quer o de garrafa.

Combustíveis

Com base na baixa do petróleo e do gás nos mercados internacionais, fazer com que o preço aos consumidores baixe também, é justo.
Essa baixa nos combustíveis deve ser refletida no preço cobrado pelos transportes.

Empresas em expansão

Estas são as empresas que possivelmente estarão muito bem com a crise e possivelmente até prosperarão.

Transportes

Os transportes de mercadorias prosperarão já que a necessidade de transportar artigos de primeira necessidade, produtos farmacêuticos, etc continuarão a fazer-se sentir e sem estes transportes as mercearias e outros bens faltarão nas prateleiras.
Também para de alguma forma continuar a comercialização internacional de produtos os transportes são essenciais.
Falamos de todo o tipo de transportes! Talvez o transporte marítimo diminua um pouco, já que as produções de longas distâncias não serão favorecidas. Buscar-se-à de preferência a produção local.
A evolução nos transportes passará pela introdução de veículos autónomos, que viajarão autonomamente do ponto A ao ponto B sem qualquer intervenção humana. Isto terá impacto em especial no transporte rodoviário levando a mais desemprego de camionistas, pelo menos no longo prazo. Provavelmente o mesmo irá acontecer com a aviação mercante, em que os aviões irão sem nenhum piloto da origem ao destino por si mesmos, gerando mais desempregados.
Também é de esperar que o uso de drones de transporte de pequenas mercadorias, em especial no percurso final, à porta do consumidor, se venha a tornar muito comum.

Indústria automóvel

A indústria automóvel resistirá, mas não nos mesmos moldes. A queda será importante nos veículos particulares de passageiros, os carros tenderão a ser mais simples e mais baratos, na sua maioria elétricos por questões de sustentabilidade. Os carros elétricos exigem menos manutenção e têm uma condução mais agradável. O grosso da construção, passarão a ser os veículos de mercadorias autónomos que serão vendidos às empresas de transportes.

Indústria dos drones

Os drones passarão a ter uma utilização comum, em especial em meio urbano ou em substituição dos carteiros, sim, mais uma vez levando a mais desemprego. Os drones passarão a ser mais regulamentados, tendo os seus próprios corredores de circulação aéreos e lugares de pouso definidos.
Haverá drones de capacidade diferente, para transportarem mercadorias com peso/volume segundo categorias. Os pesados terão corredores próprios, evitando habitações e só podendo aterrar e pousar em armazéns com as devidas condições, para evitar acidentes, como a carga cair em cima de alguém! Os ligeiros poderão circular em meio urbano com alguns cuidados e aterrarem nos jardins ou nos quintais das pessoas.
Serão desenvolvidos drones de emergência, quer para apoio médico, quer para combate a incêndios, bem como drones de vigilância, já que os governos implementarão meios de controlar as populações para garantirem que os contaminados não andam por aí à solta a infetar outros. Os drones serão auxiliados pela informação relativa aos nossos telemóveis e terá também câmaras com reconhecimento fácil para os casos em que alguém decida ir correr sem levar o telemóvel. Esta presença ubíqua de câmaras reduzirá a criminalidade e a nossa privacidade, no que será o novo normal.

Jogos eletrónicos

O fim progressivo de atividades como o teatro, o cinema, o circo e outras artes performativas potenciará os jogos eletrónicos como principal meio de diversão. Estes jogos tornar-se-ão cada vez mais complexos e realistas, em especial com o desenvolvimento da realidade virtual, oferecendo um universo 3D realista em que o jogar mergulha.
Vender-se-ão sistemas de simulação ao invés de se venderem televisões. Aqui haverá espaço para muita imaginação e também será onde haverão as melhores oportunidades de emprego.
O cinema será substituído por jogos. Sendo que os jogos terão graus de interatividade diferenciados para satisfazer a uma larga audiência.

Realidade virtual

Na limitação das deslocações e do progressivo fim do turismo de massas, este passará a ser feito através de realidade virtual e simuladores. A proximidade à realidade passará apenas a depender de quão sofisticado for o seu sistema de realidade virtual, sendo que haverá para todos os preços.
Os estúdios de cinema poderão fazer parte desta conversão do turismo e serem eles a vender os conteúdos de realidade virtual, não como cinema mas como espaços por onde o utilizador pode “passear”.
Terá as suas vantagens, pois em cada lugar que visitar não haverá pressão sobre os lugares, desgaste dos monumentos, banalização dos destinos. Os vendedores de realidade virtual poderão ter uma enorme oferta, já que os custos de produção se diluem na quantidade, e portanto podem disponibilizar uma oferta alargada. A única coisa que fica a faltar será o contacto com os autóctones. Mas estou certo que com a evolução da realidade virtual as empresas de conteúdos oferecerão avatares com os quais poderemos interagir.
As férias passarão a consistir na compra de um destes conteúdos de realidade virtual, ou as agências de viagens, tornar-se-ão empresas de aluguer destes conteúdos virtuais, possivelmente com cada agência especializando-se em determinados tipos, talvez uns de viagem às praias, outros a museus, uns às paisagens geladas, etc. Inclusive as agências poderão alugar os equipamentos de realidade virtual no pacote para que a experiência seja fantástica. Imagine um simulador próprio para fazer mergulho por exemplo, outro para fazer vela no meio do mar… As possibilidades são infinitas!

Labfab   

A indústria de produtos massificados, passará a estar muito localizada globalmente e serão esse tipo de produtos que constituirá o grosso do comércio mundial. Perfis de alumínio por exemplo, serão fundidos apenas em alguns lugares, eventualmente próximo das fontes de matérias-primas para não criar uma pegada ecológica muito grande. Presumo que da mesma forma com os produtos em aço. Isto levará a um enorme rearranjo do tecido industrial mundial. Mas que penso será benéfico em vários sentidos. Exigirá uma cooperação entre nações ao invés de uma competição. O custo em termos ecológicos também será significativamente menor.
No restante, onde não há vantagem na massificação, esta simplesmente desaparecerá sendo substituída por uma nova forma de produção. Esta nova forma levará a uma produção mais individualizada, uma produção à medida das necessidades e onde o produto não será produzido com a ideia da obsolescência rápida, mas antes na ideia da satisfação de uma necessidade.
É difícil mostrar todas as perspetivas que esta nova forma de produzir pode levar, mas talvez possa dar-lhe um vislumbre: Imagine que quer um ferro de engomar. Nesta nova economia, ao invés de ir a uma loja e ver vários ferros de engomar e optar por um, irá a uma loja sim, mas para discutir com um entendido o que pode adquirir pelo valor que está disposto a pagar! Este estudará consigo, quais as características que mais valoriza num ferro de engomar e verá se elas encaixam no seu orçamento. Estabelecido este primeiro caderno de encargos passará à fase do design, que discutirá com o profissional adequado. Mercê da experiência deste, ele já tenha alguns designs que lhe queira mostrar, mas se quiser uma coisa muito particular, ou uma característica que se lembrou, como por exemplo que o ferro de engomar tenha um laser para que possa fazer um vinco de calças perfeito… Finalizado o produto, mostrar-lho-ão em realidade virtual. Algumas lojas mais sofisticadas que outras poderão mesmo dar-lhe um simulador virtual em que até mesmo o peso do ferro de engomar possa ser simulado! Serão esses equipamentos e os profissionais que o assistirão que serão o fator diferenciador entre as lojas. Umas oferecer-lhe-ão o que já foi feito para outros e serão as mais baratas e outras irão ao seu encontro e dar-lhe-ão a experiência mais realística possível. Mas não acaba aqui. Agora que se definiu o produto há que produzi-lo! A loja enviará a diversos fornecedores, uns mais próximos outros mais longínquos, as especificações das peças que constituirão o seu ferro de engomar. Uns produzirão as peças de plástico em impressoras 3D, talvez a carcaça por exemplo. Produzido também em impressoras 3D, mas desta feita em pó metálico outro fornecedor fará a peça da base, etc. Tudo isto será acompanhado de códigos que enviarão as peças todas a uma pequena unidade cuja única função é montar tudo, embalar e entregar na transportadora que lho há-de entregar em casa em nome da loja.
Sim, o mundo do futuro passará por muitas destas PMEs (pequenas e médias empresas), talvez até mesmo micro-empresas que através de uma comunicação digital construirão, os equipamentos que farão parte das nossas vidas.
Como se pode imaginar com relativa facilidade, as lojas terão engenheiros e designers que nos ajudarão a criar os nossos objetos de sonho. Haverá na “cloud” milhares de projetos disponíveis dos quais partir para alimentar toda esta gigantesca máquina produtiva, que não produzirá massivamente como hoje, mas em acordo com as nossas necessidades.
Assim como cada loja se especializará em determinados tipos de produtos, também as unidades produtivas se especializarão em determinados processos. Além do mais, novos processos serão criados na tentativa de conquistar clientes. Talvez por exemplo, alguém consiga uma bateria mais fina e de maior capacidade, que permita outro tipo de produtos e/ou design. Este produtor, anunciará isso às lojas e estas passarão a apresentar isso aos seus clientes. Nada é gasto entretanto, nenhum recurso desperdiçado, até que um cliente incorpore essa novidade no seu produto.
Estou convencido que a economia do futuro será assim mais ecológica, sem deixar de ser vibrante!
Repare que pode levar o seu velho produto à loja e dizer que está farto dele e que lhe quer dar uma “roupagem” nova ou acrescentar uma nova funcionalidade. Ou talvez tudo o que o produto precise é de uma pequena manutenção e aí, vai à loja e eles com facilidade substituem as peças que é preciso.
Além de que velhos equipamentos podem ser desmontados e reciclados em outra fileira em parceria com as lojas.
Haverá muito campo para abundância de empregos, neste particular. Empregos como se vê de toda a espécie, desde engenheiros, designers e operários altamente qualificados a montadores indiferenciados.

Negócios individuais

Rumo a essa nova economia e enquanto não chegamos lá, onde devemos fazer as nossas apostas?
Naturalmente a educação é sempre uma mais valia. E apostar em ganhar novas qualificações é sempre uma aposta ganhadora, desde que essas qualificações satisfaçam a um qualquer elo desta nova economia que há-de vir.
A seguir algumas recomendações de atividades que serão valorizadas e que pode começar já a desenvolver.

Fotografia

Se gosta de fotografia ou tem muitas, guarde-as bem, arquive-as adequadamente pois com a impossibilidade de poder viajar essas imagens serão valorizadas.
A edição de fotografia e o webdesign também vão ser atividades valorizadas.

Impressão 3D

Compre uma impressora 3D do seu agrado e comece a tornar-se proficiente com ela. Como se viu com o fabrico de viseiras para os profissionais de saúde, já não é mais um brinquedo.
Existem muitas de diferentes modelos. Não importa muito qual o seu, numa primeira fase o que precisa é perceber como funciona e sentir-se confortável com ela. O resto é sempre possível fazer “upgrades” ou comprar uma outra.

Produção de álcool

Seja para produzir gel desinfetante, seja para produzir uma bebida espirituosa um destilador será sempre útil. O destilador pode servir também para extrair óleos e essências, de flores por exemplo, para a indústria da cosmética e da perfumaria. Compre um, não muito grande, e comece a praticar. Para produzir álcool vai precisar de alguma matéria prima, podem ser os frutos das árvores do quintal, batatas, etc. Desde que o que usa tenha um certo teor de açúcar, então é certo que pode produzir álcool. Onde encontrar esta matéria-prima? Pode ter no quintal como já dissemos, mas também pode comprar. A um produtor vinícola pode comprar os engaços depois de espremidos que é até aquilo com que se faz a aguardente. Pode comprar maçãs por atacado, etc.
Depois de aprender pode fazer gel desinfetante e vendê-lo.
Atenção que na legislação atual você não pode ser destilador sem uma licença! Informe-se por favor.

Reparações

Com o poder de compra a encolher face à depressão económica que por aí vem, as pessoas se puderem mandar reparar ao invés de deitar fora e comprar novo, vão preferir. Velhos hábitos vão ter de mudar, que hoje fica mais barato comprar novo do que arranjar. Isso vai gradualmente mudar e as impressoras 3D também vão ajudar ao imprimirem aquela peça que faz falta e que ninguém vende!
As reparações de toda a espécie vão ser recurso de muito gente, quer para ganhar algum, quer para poupar algum.

Produção agrícola e pecuária

Com as limitações de contacto as pessoas vão apostar muito mais no que é local, logo a produção agrícola local, regional ou nacional vai passar a ter prioridade, por esta ordem. E as pessoas vão precisar de continuar a comer, pelo que se puder dedicar-se a esta atividade, será uma vantagem para si.
Em relação à pecuária, trata-se de pequena pecuária, ou daquela que é auto-suficiente. Se tem de recorrer a rações de forma intensiva, então esqueça.
Nesta área passará a haver um aumento da criminalidade, já que pessoas muito pobres vão querer comer também e se puderem ir ao seu campo… Talvez possa reduzir essa possibilidade se tiver a possibilidade de empregar alguém em troca de alimentos.

Escritores

Na medida em que o teatro e o cinema vão sofrendo os efeitos da pandemia e se mantiver a obrigação do distanciamento pessoal, é provável que as pessoas redescubram o prazer de ler e voltem a esse bom e velho hábito.
Portanto, os escritores continuarão a ser precisos e necessários. Atualmente só uns privilegiados se podem sustentar pela sua escrita. Uma larga maioria tem publicado às suas custas e mantém-se na sombra. Estou convicto que isso vai mudar.
Se tem jeito para a escrita, recomendo que faça o seu próprio “site” e venda os seus livros sob o formato eletrónico. Não se arme em purista que com a crise os livros em papel irão ficar caríssimos! Portanto o formato eletrónico passará a ser a escolha óbvia.
Existem portais que tratam de vender aquilo que os escritores estão dispostos a publicar mediante a cobrança de uma comissão. Veja se lhe interessa as condições que oferecem, pois pode ser outra alternativa. Mas não pense que vai ganhar fortunas. Esses sites ganham sempre, vendam o seu livro ou de outro desgraçado igual a si, por isso não vão gastar um tostão a promovê-lo. Terá de ser você a fazer o marketing. Ora, se já tem o trabalho, quer de escrever quer de promover, porque não ganhar tudo ao invés de o dar a ganhar a outros?

Músicos

Continuaremos a ouvir música, mas já não iremos a concertos. Portanto, a música também precisará adaptar-se. Existem muitas plataformas para os músicos monetizarem o seu conteúdo e aí estamos mais ou menos como os escritores.
Há que estudar as possibilidades e dar-se a conhecer.
Existem aqui infinitas possibilidades: desde ensinar a tocar um instrumento, a compor, a produzir, etc. Podem estabelecer-se parcerias e colaborações, em que por exemplo alguém compõe, alguém toca e outro canta e finalmente alguém produz. Tudo sem sair de casa!

Cineastas

Não se trata de fazer cinema como agora, mas com vários colaboradores, recorrendo aos computadores já há muita gente a fazer por aí uns trabalhos muito interessantes. Como isso pode render algum? Talvez monetizando um canal no YouTube.
Presumo que o trabalho não compense, mas com o fim do cinema tal o qual o conhecemos, pode ser que esse lado tenha uma oportunidade.

Atividades relacionadas com o mundo digital

Todas, mas mesmo todas as atividades relacionadas com o mundo digital estarão em alta, sendo valorizadas. Programadores, administradores de redes, instaladores de equipamentos e de redes, web designers, etc.
Portanto, aprenda já uma linguagem de programação ou a configurar uma rede, ou a administrar um servidor, desenhar um site! A essas profissões não faltarão oportunidades de emprego.

Epílogo

Ninguém sabe que configuração traz o mundo de amanhã. Há quem diga que nos tornaremos escravos da gleba de uma Elite que nos controlará ao pormenor, sabendo em cada momento da nossa posição e disposição e que se tivermos tendências que considerem perniciosas, que possam carregar num botão e fazer-nos desaparecer depressa. Claro que a falta de obediência incondicional será considerada perniciosa. Mas quem quer uma vida sem ser dono dela?
Já hoje somos todos escravos da Banca e mais uma vez, mesmo numa situação de catástrofe, todas as medidas tomadas visam que esta não se afunde. Já afundou uma vez em 2008, impondo aos pobres do mundo que a salvassem dos seus próprios erros com austeridade, desemprego e miséria. Espero que não repitam a receita e que se repetirem, desta vez não haja nenhuma paz social.
O que escrevi acima, pode ser uma fuga para a frente, uma proposta de soluções para navegar num mar desconhecido.
Os portugueses já foram por mares desconhecidos e descobriram o mundo. Podemos repetir.

Foi editado em 18/Abril/2020

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